sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

DR

te querer por inteira
metade em mim +
outras às beiras

de ataque
de nervos

soltamos as mãos
botamos as luvas
palavra, não fuja

se se perder

é assinar no outro
um sigilo cicatriz

Testemunho de Geovai I

a minha opinião é a seguinte: as pessoas precisam de Mike Patton na vida delas... e falo isso como doutorgado no assunto. foi-me revelado (e isso fica entre nós, okay?) que ele é um dos inúmeros avatares da Era de Aquário, então prestem atenção na Palavra do cristão, porra caralho! nem que em doses controladas, homeopáticas, fáceis (e de ressaca) como manhã de domingo de missa flerte. nem que de início seja só pra comer a hóstia. relaxa, eu também comecei assim e, quando vi, a puberdade eucarística chegara e eu não queria mais às penas o corpo jesuíta... e quero mais, quero mais que o vício aumente, vire vórtex valente, porque a Eradoamor é voraz e não suporta gente torpe! fantasmas da exposição à parte, o Fantômas foi a coisa mais desconcertante que eu vi a poucos palmos e isso é o que? é amizade!!! porque tem momentos que a gente tem que esmagar, pisar e ser Crueldade com os paradigmas de quem queremos bem como xepa de crivo. porque também é bom querer bem a xepa para que ela se torne filtro branquinho de novo outro Dia - bem, no fim a cor é apenas uma sugestão modista e, Bem no fim, no fundo do poço,  a xepa escolhe vestir ou não a carapuça de Ave (ah, como tem filtro diferente - o branco e o canarinho inquieto - há além os mais meteóricos que preferem a dor e o êxtase sem filtro ou vaselina). as coisas que fazes, nem sabes, me deixam corado!!! pálido. sabe, por mais fundo que seja o poço, ver uma xepa reascender e voltar a ser brasa, mora, lá, aqui dentro, em Hades e, ainda assim, é bonito ver brilhar.

A origem

tem parede entre a gente
tinta branca gente cala
que a partir daí a fala
éxtensão do infinito

no fim enfim

somos tão mesma moeda
que querendo o outro embaixo

não vemos a graça

de girar para sempre

Enterro improvisado

                    jazigo
                de jazzista
                  é o solo
                 do amigo

Politika

nin izquierda
nin derecha
o al centro

adentro

arriba!

CIA

é o receio da pessoa
em deixar as digitais
na tinta óleo alheia!!!

Corredor da morte

marcha ré...
não culpada
muito pouco

inocente

Solar da fossa

corpo luz
per plexo

sem sexo
nem nexo

Adeuses

vida de bardo
fica de fardo

o corpo na mala
amor pra via toda
em tod'e qualquer
banco d'estação

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

domingo, 12 de dezembro de 2010

Quintal

pois levembora bola
enfi'ocampinho no rabo
eu crio geometrias outras
universo inteiro a desbravar

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Freaking in

cockroaches on me
allwayswheni'mout

so ya can't see
i don't hurt just
don't leave me

Aguadeiro

pra quem
tem sede
loucura
se dê
quirei

transmutar

água em vinho


chumbo áureo

Sororaire

frater
n'idad
de ser
ancião

seguro pela mão
mensina ter irmão

Piti

estribu
charme
rodar a baiana
fazendo a egípcia

a perda é total!!!

(hiatemporal)

8

infinitude
étude
que não para
enfim em ti

Supers tição

ordália em flor
dor ordinária
dália negra

na pele carbonizada
justiça divina vileza
tb tenso a beleza

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Cruzes intenções

cruz de ouro
.. em pó to
. powder
yanose

que cada um
pregou a cruz
que meretriz

carrega o carma que quer
carpinta calvárias vezes

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Coivara

Alergia ao shampoo. Alergia ao condicionador. Afagos alheios. Brotoejas assassinas. Mera descamação da pele oleosa (que se opunha à secura dos cabelos grossos e compridos). Percorreu com o pensamento a enciclopédia inteira que tinha dentro de si sobre as possíveis e horrendas doenças que pudessem permitir a sua tomada corporal através daquela simples coçadinha. O eufemismo diminutivo se fazia claro quando, não contente com o atrito de seu médio e indicador esquerdos, aquela pequena bolinha de pele inchada na parte de trás da cabeça (vermelha, só podia ser vermelha a filhadaputinha), pedia que fosse possuída carnalmente por suas unhas. Nem pensou duas vezes. Pensando depois, sequer pensou! Tem vontade que pega a gente de jeito e não tem Mercúrio ou Descartes que ajude nessas horas... Se pensasse, provavelmente tentaria refrear a pulsão - as unhas estavam imundas! Dia de inverno em casa, segundo dia sem lavar os cabelos, a oleosidade da pele do pelo se misturava com a resposta meio aquosa da derme que, convidativa, se abria para o novo amante. Parecia lubrificar no decorrer... Já era o milhonésimo orgasmo que seu risinho de olhos fechados denunciava às paredes da casa vazia. Escovou os dentes, enforcou o banho e foi se deitar.

Acordou e era ainda madrugada. Viu alguns pontinhos de sangue no lençol e concluiu que talvez tivesse exagerado nessa coisa meio luxuriosa que é se coçar. Como uma virgem... Arrependimento, dever cumprido, Amor, o que era aquilo? Passando uma das mãos na cabeça, também notou que a bolinha tinha aumentado um tanto. E como inchou! Tentou voltar pros sonhos, pra eros, mas urra! A coisainda lutava pela Vida, reagira ao toque e começava a latejar num alarde tamanho que, por certo, acordaria até o menos atento dos vizinhos. Não doía mas era, com toda a certeza, desconfortável pra caramba. A casquinha da ferida que se formou coçava demais, céus, como tinha pavor dessas casquinhas!!! Sempre quando estas pareciam oferecer a menor resistência, escalpelava a si próprio sem a menor dó. Não fazia muito sentido em termos de cicatrização, era, sim, algo mais próximo de certa obsessão estética: E se por um acaso afagassem seu cabelo naquela manhã???

Em questão de segundos viu a si mesmo arfando em meio a sangue, sangue, lençóis, travesseiros, sangue... e viu a si mesmo mesmo, assim como alguém que nos vê de fora da órbita de nossos olhos terrenos: Um rapaz, sentado no meio de uma cama de casal e um rio de hemácias brotando nascente.

Em um piscar de olhos ;O a parede de seu quarto que se fazia cada vez mais clara no quarto escuro, palco para uma hemorragia improvisada e plateia insone.

Tocou novamente a bolinha com unha e dente, e se viu monstruoso quando tateou o estrago que tinha feito ao seu redor; Uma cratera, um rombo federal no Tesouro, que julgava mão nenhuma ser capaz de esculpir (ironicamente, sem causar o menor dano aparente à esfera, régia em meio ao caos de osso, pele, cabelo e massa encefálica). Rijo, o novo corpo tomara um formato menos circular; Se ligava por fim a um bulbo que sumia cérebro adentro tal qual um clitóris em sinal de alerta.

A quebra do silêncio chocava y ecoa. Oa tordoa! Uma voz convidativa reverbera da cratera como lava de vulcão.

Se toque...

Ta(l)king on, assim prosearam até raiar o dia... Divergiram em alguns pontos mas se entenderam muito bem, de um modo geral. Ela entendia sua falta de perspectivas e, às vezes, também se sentia assim. Que perspectivas tinham de ser plantadas em outro solo de vez em quando, que calvice não é demérito... Que daquele jeito a nossa Árvore da Vida não iria dar frutos para matar a fome de tantos. Que daquele jeito não ia dar pé. E, por mais que Caridoso dividisse contentemente constantemente conquemquerquefosse o que tinha como seu, sabia há muito tempo que a raiz é mais embaixo.

Baixou a cabeça.

Brotou a semente da dúvida.

Sozinho em casa, já não era a primeira vez que refletia sobre como as suas pulsões destrutivas talvez pudessem encurtar alguns caminhos para o Bem geral da nação... Os tais males que vem pra bend! E achou sinceramente que, na atual peregrinação, já tinha pego tantos atalhos errôneos - que a road to nowhere já era sem volta. O pesado, charmoso e enigmático destino reservado aos suicidas... E também aproveitou pra decretar a própria culpa, que já fizera gente demais sofrer por suas meninices inconsequentes. Que aquela semente em sua cabeça não merecia nascer nesse mundo - para dar de comer a eleitos a troco de notas de papel, cadáveres celulose de amigas que se foram pr'outro lado.

Tiferet argumentava desesperadamente que tinha um plano em mente, que tudo podia dar certo. Pedia uma última chance.

Irredutível, o rapaz pegou o frasco de acetona - encharcou sua cabeça e, piromaníaco que sempre fora, lembrou alguém que falava que a vida era um fósforo.

Tacou fogo nos cabelos!

Vem se recuperando bem das queimaduras e da lobotomia de urgência a que fora submetido para a retirada de um tumor mui maligno (já do tamanho de uma semente).

Psychal graffiti

love ghostwriter
right by your side
whenever you need
you still have my seed
inside you my pen

you can call on me

domingo, 28 de novembro de 2010

Gárgulas

assistindo a amigos
inchando as máscaras
de gesso por dentro
do rosto de resto

quebrando a cara

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Scar let

escarlatina
latin scar

língua vermelha
indiegenismo
io neologismo!

na infância da palavra

porque todas já foram criança


aprontaram bastante

e se deixaram
contaminar

VIII

joelho d'água
metereo logo

correntemente

fazdeconta

nem falseais

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

sábado, 13 de novembro de 2010

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Contos de fada

sobre o primeiro dia na escola
os dias que não lembro na avó
só me contam
e disputam
lugarnocéu
omeutb!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Infinitree

keter
eter
tree
of
l
i
f
e
8

Narciso

A autoimagem era dantesca... Dizem que os espelhos remetem ao elemento Água, talvez daí venha a carga emotiva de cada reflexão. E também pouco ajudava a irregularidade nos graus de miopia, astigmatismo e estrabismo em cada globo ocular, que não mais dispunham dos óculos tomados de assalto meses atrás. De qualquer modo, receita de lentes errôneas de um diagnóstico errado... De um relance errante no espelho. Se admirar é um lance de dados.

Iberia II

uma relação fadada ao fado
ajoelhouse aos seus pés

e jurou amor etéreo

Igrejaz

frase-efeito e fé lacônica
reverberem nas lacunas cá
escancarem frestas, furos cá
frágil planta arquitetônica

quem paredes grafitadas já
questionou o céu pintado nas
orações de automatismo nas
pregações monocromáticas

sábado, 6 de novembro de 2010

Proteção psíquica

hay o medo de dormir
ai, o medo de acordar
transitar entre deus/planos
de forjar os novos planos



terrenos

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Procrastinação matrimonial

Em 1980 lavava louças, lavava o piso, lavava a cara e deixava tudo pronto. E esperava um pouco, pois também lavara a roupa que estendera no varal que, posteriormente vago, lhe serviria para fins mais sórdidos. Tirou de lá a calça preta e a camisa azul escuro de botões mais claros, ambas muito sociais pouco sociáveis - coisa de ocasiões festivas em geral. Passou ambas de improviso na mesa da cozinha com a aparente calma e economia de sempre, mas parecia, pa, que o ferro fervilhava era de dentro. Vestiu ambas, estava nu até agora - às vezes sentia mesmo que podia andar pelado em casa. Entre a dourada e a roxa, escolheu a última toalha para depor sobre a mesa. E não esquecera de considerar: Habitava uma cidade fria, cinza, industrial em uma ilha x do Atlântico. Maquiavelicamente propensa a esfolar a joie de vivre de seus pobres urbanos. O roxo ficaria bem melhor em p&b. Abriu uma breve garrafa de whiskey na TV passava um filme querido, mas daqueles ardidos que emperram o malte ao fazerem piada de graça de um canceriano sem lar. Breve garrafa maltada. Maldita, sempre pede mais uma quando não é a hora. E é agora! Iggy na vitrola, subiu as escadas para dançar de olhos maquiados no espelho. Descamisado, desempregado na Cidade Indústria por excelência - o que diz muita coisa. Sobre tu, não sobre ele que, sóbrio, continuava na dança (e)vocação xamânica. E o espelho parecia contente, e se via em seu ídolo; Mas seu ídolo morrera há meses; Sua banda cover definhara há dias e enxotara sua namorada de cas' há segundos. E ídolo rindo como nunca em vida. Não quebraria o espelho: Azar e falta de respeito! Bad carma. Vestiu novamente a camisa, desceu as escadas, virou o disco. Sacudiu a garrafa pra sentir mais umas gotas do néctar da vida e a jogou na lixeira reciclável. Garrafa e vida. E como o ídolo que dera cabo em sua própria morte, would give him(self) enough rope. Disciplina de escoteiro é liberdade, nó de marinheiro fortalece, sobe varal, trepa na máquina e... Campainha!

Era 1994 e era entrega dos correios. Há uns vinte anos atrás a entrega causava frisson, mas no momento inoportuno eles causavam só pavor. Não atendeu! Seria a mais pura invasão sangue suga de sua privatecidade. Há uns dois meses atrás o seu pânico de telefone teve um pico, chute de bico, e agora o aparelho era bola disforme em algum canto da casa labiríntica. Não tava caso perdido, mas estava mesmo era distante de filha, mãe, pais? Sempre preocupados e impotente mente opressiva... Tanto que, a última vítima do voleio pisciano, telefônico, fora o sempre insistente empresário. Que num belo momento desistiu, pudera. Dois meses de recolhimento oportuno. Cidade fria, cinza e industrial, numa ilha maior, sitiada, à beira de um ataque de nervos à paz do Pacífico. Deu tempo de lavar louças, esquentar colher, lavar piso, tentar livrar a cara e fazer um som. A banda ia bem, obrigado, em algum outro canto do condado. Um ídolo, amigo e confidente tinha se matado e lá ia ele outra vez. Colher esquentada, uma última re feição. Arma carregada. Alguns últimos pedidos escritos. Ídolos e súditos satisfeitos. Outros não... Esquenta a colher. Lava a colher. E o maldito eletrecista.

Em 1995 o problema da casa era a umidade, dizia o eletrecista. O pai dizia que não e a sogra teimava que o mofo estava consumindo o papel de parede da casa recencomprada! A filha, desacostumada, só fazia chorar. E a mangueira ainda tava aberta quando se punha a encerar o carro novo com a melhor maquiagem disponível no mercado. Lavou a lataria, lavou o carpê, tão caro quanto a cara de todos (bônus e ônus do novo empresário). Sequer desligou a torneira e foi dar uma voltinha por aí. Uma banda! Abandonou o carro brilhante em meio a possantes rotos, enferrujados e teve vontade de consertar o mundo - aquela era parada de costume para pessoas em crise. Pra quem não diferencia abstenção de abstinência, as crises são todas iguais e alvo fácil de coitadismo... Sereno, plácido, a aparente calma de nunca, desceu do carro sem colheres muletas ou macacos. Farejou o precipício... A ponta dos pés esfarela a Terra - um borrão no horizonte; Ela! E brincam com o eco das vozes até o anoitecer para depois fugirem pra longe da narrativa/profundidade de campo, Atlântida. Romeu pulou ao encontro de Ju e vice voa mar adentro.

Em 1996 iniciaram-se as querelas judiciais envolvendo familiares, membros da banda e demais lesados. O carro foi encontrado e estava um brinco!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Zombie lies

Tem morto que sabe mais que gente. Tem morto que mente. E tem morto que sente. Muito. E é por isso qu'ele mente.

Fala pra gente. Que tem céu que tem ente.

Aquela coisa, jesus aparece agora e fala que a stairway to heaven é a yellow brick road. Verdade, mentira ou metáfora pop?

School

Era o seu primeiro ano naquela escola. Um brilhante iniciado que, todos esperavam, não iria fazer feio. Todos vírgula. Alguns. A Associação de Pais e Professores, os colegas diretores e o ombro de muitos Amigos.

Não falharia naquele teste.

Mas já era quase almoço e, no ímpeto da manhã, esquecera o teste de Fisiologia. Estava apertado. De dar dó! Bem, todos sabem que, bom, naquele tempo, oras, você sabe muito bem que só pode ir ao banheiro depois de ler isso; Em suma, quando eu der a permissão.

E quando terminar o teste.

Mas já era a segunda vez que pedia, agora implorava com certa vergonha da cocota enamorada à diagonal de sua carteira.

Desde então, adquirira uma relação muito dúbia com as instituições: Uma vontade de sair correndo, teste em branco. Que resultava em calças molhadas no mesmo lugar.

100

tena
tenga
suerte

grande

joguei milhar
perdi meu ar

tudo


até as calças



de tanto amar

Snowblind

coca light numa night
é tão claro que ilumina

pegue leve com o pop
soda pop se religa

se não se ligar
a luz se vicia

Peleja

coceira impele
o pêlo nem pede
implora à pele

não tape o sol
com suapeneira


(suor)


pois nada impede
de nascer em pilo

e de timplodir
no me nor vacilo

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Soltu(r)a

avantgarde celibataire
y mi esposa de pelucha
tienes llave aún tu piedes

oh! não vá não nunca fuja

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Malho

De fato, o material a que tivera acesso dava dó. Conservava, sim, um quê de pureza que há muito não dispunha. Mas, no primeiro gole da lata de cerveja, aquilo que era resquício em sua boca se fez espuma. Com que diabos haviam malhado aquilo? O estômago em festa. Benvindo à floripa. Um bom lugar para ficar alto - aparelho digestório, uma banheira de motel barato.

Terremoto

los muertos los vivo

se ríen acá

dão voltas nos túmu
los muertos lo danzan

a terra em transe

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dependulado

sinto que há tempos me equilibro numa navalha
ocorre que tem alguns dias: caí (belíssimo)
tenho as mãos a sangrar.
é difícil de comer.

domingo, 31 de outubro de 2010

Amis

reconheço ao longe meus amigos
na tosse aguda que nos rasgargantas
nas atitudes nas carícias santas
nos amiúdes nas carências tantas

pois amor é pra ser indigente
mendicante tb prepotente
retirante num bom dissidente
evasivo fugaz permanente

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ata-palavra

essa transformação
jaz documentada

qu'irei esquecer
desejos d'agora


e fica pegada




?

Diálogo III

 - fala alguma coisa.

 - (...)

- ninguém é alguém sem nada a declarar!

- Beleza.

- de beleza em beleza se faz poesia épica... aloka otimista.

Letter ma

Ms. Mistake
miss you so
so you take
me end go

terribly wrong.

Miss simpatia

pra Bandeira Branca
era bandeira dois

porque a negra era usual
e a caveir' era sinal:

ser pirata é ser Legal

e a cada ataque
fervi o sangue

púrpura

e fazia rubro pano


"paz de cu é rôla"!

Endosso

disserto
de certo
disseste

de coisa
com coisa
concórdia

Urbanal

fossa das ideias
sem acento pra cagar
reto do cérebro

[descarga elétrica]

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Fósforo

ver o cerco pegar fogo
ver no circo pranto encoro


funeral pyre


piromania emocional
queimadurenaltograu


eu cicatrizo, ah, se renasço!


e tu vais mijar na cama

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Ti me dês

era difícil ser domado
tímido ambicioso tarado
queria feitos universais
e multidões de bacanais

à meia luz, okay?

Mão direita

A criança de uma mão quis tocar no violão. E o violeiro, já feliz, mal algum viu em deixar a criança animar um pouco o baile - que a essa altura da madruga tava té um pouco morno e mais gelado que a cerveja... Seis música ela tocou no novo amigo que também só tinha um braço. A primeira foi pra mi. A segunda lá se via qu'ia terça dando ré e que o sol nasceu na quarta. Si'squeci quando foi quinta e na sexta foi o mé (do violeiro contratado, não do novo).

Óia, dava até pra rolar bis...

Tortura

essa tensão de calar e dedar
esse porão de suspense noir
tem todo um charme próprio.

que a vida não me arranca nem no paudearara

Diálogo II

- (...)

- pra tirar a gente da zona de conforto. mesmo que o conforto não tem que ter zona e cercadinho, não tem que ser estagnação. quero que meu abraço seja confortável tipo... tipo um rafting na puta que o pariu. tipo, a gente tá num bote - coletes, capacetes, palacetes e tudo mais que eu puder te dar pra te sentires segura, mas... sei lá.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

História de pescador

Escrevia como pescava. Bom, nunca pescara muito na vida, mas sentia que entendia à beça daquilo. Era só tentar se ater a feitos mundanos. Ordinários... E esperar... Enumerar e classificar coisas... E esperar... E se entediar. Bastante.

E de repente, zás, o peixe akáshico na linha que divide planos; Que ato cruel e um tanto egoísta pode ser uma pescaria! Mas se alegrava porque poderia trazer a seus amigos terrenos uma lembrança daquele gostinho de Mar... (Naquela mesma efêmerinfinita comunhão de universos)

E pôs-se a multiplicar peixes e mentirinhas carne branca.

Habemus papam

voto de pobreza
voto de castidade
voto de cabresto

vira tudo cinza na urna funerária

(...), dos... ação!

pouco tenho a oferecer
é muito pra quem crê

quadras malinas



y más

Isla guapa

pro alto y adiante
o futouro está avante
Plutopia traz tesouros
di amantes dentro de ti

Uivo

Tinha o hábito estranho de uivar pra Lua. Alguns achavam engraçado, assim como ele também achava divertido mugir aos céus. Certa noite, tomou um suco meio celeste e sentiu de novo aquela vontade irrefreável de uivar a oeste, tão bela era Ela; Sua amante. Do uivo agudo saiu junto o grave grunhido que tanto escondia dentro de si... Quis tentar entender, mas freou a si de tanto medo de fazer sentido.

Ou era só vergonha d'Ela...

Da crise

à frase

quo acento é grave
quo assunto éntrave

e eu só credo em cruzes que trazes

sei, voltas, mas tenho saudades

domingo, 17 de outubro de 2010

In vain

de vem em vão
perde a linha
coç'o saco

saca grana e fim de papo
papa história e lava as mãos

de vão em vão
perde a linha
ench'o saco

saca arma e fim de papo
pá! e a História lava as mãos

sábado, 16 de outubro de 2010

Diálogo I

- tu me amas?

- obscenamente, oras.

- amor, eu me preocupo tanto. tu estás bebendo tanto, fumando tanto... comendo tanto.

- é que o bastante não me basta.

(...)

- e eu?

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Polaquices II

previu que jamais viraria estátua em sua cidade
em um gol contra de bicicleta, virou pedreira

por só ser moldadado pelos grandes



such a solid rock

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Doce lar

retorno à Terra



joaçabense quis embora
e embora o buraco devore

frio de casa no supre doutrora

e enjoa ma' quis imortal
evitar mesmo inevitável
evitar o destino carnal



retorno à terra

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Sorvete

todo mundo já sabia
tua boca eu abriria
té casquinha gelaria

tão inteira eu te sorvia

agora que todos já sabem
orgulho na gente não cabe
tã' bem como corpo cabia
num freezer d sorveteria...


security cam não deixou insegura




caiu na net!

Ora, Aurora!!!

eu me mato todo dia
e a cada momento
que é só pra ver
a flor e o ser
a manhã
d'inovo
amou

domingo, 3 de outubro de 2010

Con dom

moda é amar a moda antiga
a fi em lo que now se cuide
foda é foder à moda antiga
botai o latex now nu nude

sábado, 2 de outubro de 2010

Sin fonia

polissímbolos sônicos
monossílabos tônicos

anseolíticos átonos


é tudo mashup
é tudo crossover
tudo insideout

sai do novovô
eraeditário



quem diria?
que tanta erudição
bem no fundo era edição

domingo, 26 de setembro de 2010

Bom dia

Certa manhã acordou de sonhos tranquilos.

Logicamente, havia algo de errado naquele dia. Ripas de madeira pressionavam costas e costelas; Sentia perto do rosto a fria limitação, menos de um palmo era a distância até seu corpo... Seria a tampa de meu caixão? - pensou. Era uma criança de imaginação mórbida e já tinha lido o bastante sobre pessoas enterradas vivas, tanto como favor como por punição... Antes que precisasse emular o desespero dessas personagens dos livros e filmes que tinha visto, antes de esmurrar o seu caixão com a pouca força do corpo que acorda, tratou de confirmar, conforme a vista ia se acostumando, que a tal muralha que se estendia em sua frente era MESMO o piso azulejado de seu quarto.

De qualquer modo, essa informação não lhe fornecera a segurança devida e merecida, a pequena distância entre ele e o piso era ainda agoniante e o seu corpo ainda parecia ser tragado com força em direção às farpas da madeira fina que formava o que acreditava ser o estrado de sua cama. Assim como pouco ajudava perceber (pela parca luminosidade que adentrava o quarto) que ainda não havia amanhecido. Sua mãe tinha o sono leve e odiava perder os preciosos minutos de sono anteriores ao Sol e à tripla jornada de trabalho. Qualquer barulho poderia ser mortal e, por alguns segundos, sentiu-se orgulhoso de sua serenidade até o momento, orgulhoso de não colocar tudo abaixo como sempre o incriminavam. Antigamente, tinha medo dos monstros que debaixo da sua cama moravam, mas agora entendia o porquê deles gritarem tanto...

Mas não ia gritar.

Estendendo ao máximo a sua mão esquerda pôde reconhecer o seu criado-mudo, cujos pés tateou até chegar ao piso com o qual se defrontava e que, na direção contrária, se prolongavam pelo infinito abismo que se tornara seu quarto.

Tinha, de fato, acordado invertido!



De tanto desrespeitar a gravidade das situações que lhe ensinavam na escola, tinha sido esquecido e trapaceado pela gravidade. Considerou, então, que todos os precedentes da física estavam em aberto; Que também poderia jogar sujo com a legalidade terrena e facilitar a sua fuga/queda/despertar com a ajuda do criado-mudo. Bastava um pouco da sorte dos filmes de ação: Se fizesse uma alavanca com a perna esquerda, poderia, com o impulso, tentar cravar as mãos no móvel e evitar a queda brusca em direção ao teto de seu quarto. Assim se livraria da dureza dos grilhões do est(r)ado em que estava - e estava até criando certa simpatia por ficar embaixo da cama, no quentinho das ripas separadas, mas estava também bastante atrasado para o horário escolar.

Tomou coragem para enfrentar mais um dia.

Decidiu começar com o pé esquerdo. Lançou seu corpo como em um passo de ballet para a queda de sua vida. Dispensou a ajuda de criados!

Subiu aos céus.

Se estatelou no teto!!!




Apesar de todo o virtuosismo da coreografia, o barulho não impede que a fera acorde... Não será um dia bom pra ambos.

- Caiu da cama, menino? Desce daí e limpa esse sangue no piso novo.

Bod mod

uma faca foi teu piercing
uma corda tua neckring

ô, maldita foi a hora

esqueci meu maçarico

Colheita mal dita

amor, eu vi sangue na pia
favor, o que foi que fizeste


corpo na via

sei que fui peste



é que nunca soaste tão fria

sábado, 25 de setembro de 2010

Rest in pieces

Sonhava em ser enfant terrible, tão terrível era a ideia de se tornar elefante brando num museu qualquer. Contudo, desde criança tinha a doença da velhice entranhada nos cabelos; Parecia contagioso!

Corria sem pressa montanha acima (a dignidade ladeira abaixo) - o eremita rabugento continuava embranquecendo tal qual neve nas madeixas.

- Me deixe em Paz!!! - Foi a última coisa que ouvi dele.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

sábado, 18 de setembro de 2010

Libra estrelinha

peso na balança
só não vale peso morto
que até mesmo tempo morto
sai avoado para voar

sem dar tchau se jogou da janela
conta do mês que saiu pra passear...

Desmaio

la petite mort


frágil fácil quanto sono
por acaso eu apagar

só me lembre d'acordar

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

25

estatura mediana

atentai, tamanh'engana
é o prazer que leva cama

Velaria

velas velam corpo

de feliz aniversário
enveleço necidade
nametade
metadona
preenchendo cariedades
de um cadáver todo seu


que assim não adoeço
queassimfeneço jovem
stay pretty
fico preto


assim viro toda cor


alva
alma de calor

Braile

certa cega inquietude nas mãos que porém
'tre abraços as tenho no corpo de alguém

sei, não estou tateando o escuro

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Dando um tempo

...se te peço logo outra
sempremais nuncacontento
que me pedes logo água
e me pedes logo um tempo

ri, te peço algum cigarro
que teu fôlego eu lamento
ris, me pedes logo outra
e me pedes faz um tempo

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Interstício

é preciso ser canal
derme superficial
ter a pele bele clara
sí! sin mácula sin mal

porque for pra ser pungente
dói no fundo nervo gente

vos incomoda coro contente
dois ou um @u menos sente

a gente sangra por dentro

ruboriza

tumoriza

(des)falece

sem sequer ninguém notar

o hematoma pra narrar

Live aid

aquela caixa registrava
máquina escrevia
escondidera
bandaid

se contentava em não relá-la
relatá-la
retalhá-la
como ficava contente lá
ao ver sua farmácia vazia

Golden goose

fígado fidalgo

algo diz que deu errado
na receita do foie gras

o ganso pateta tomou umamais
e roubou o canto do cisne

Plástico

Quer saber, minha flor? É que eu sempre achei a Morte uma atrizpersonagem convincente. Apesar da cafonice da veste trapo negro parangolé e da ineficiência de gadanha ferrugem lenta lenta, Ela sempre sempre terá seu charme kitsch. Ao vento dos que apagam velas, tudo fica muito plástico, enquanto flores como você ficam rijas eternidades para mim...

Sabe, quando eu era criança ela fugia da vacina; Depois parei.

Mas, sabe-se lá por que, recusei até a morte a antitetânica.

Hora são

étiquetal

qual tique nervoso
não deixe o sistema
levar todos louros

tique tal qual ponteiro
taque tá que por inteiro
toma os meios
por ahora!

amem

Mulata

todo mundo é preto e branco
tudo é foto expressionista
eu pra contrastar racistas
dou mordida vira lata

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Diacronia

quanto mais remava contra a maré
mais sua vida passava a rimar

Estil life

Uma estilista me disse um dia que verde amarelo não combinam. Achei deselegante da parte dela alfinetar o (acon)tecido; Meter a colher, meter a concha chulamente num casamento de tanto tempo - sem sequer ser convidada para o ménage. Pois flor e folha também dão tempo. Que diria, guria... Amor de ipê está fora de moda! Fica pra próxima estação.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Enseja

que seja marginal, que seja herói
e seja mainstream e seja vilão

e seja a heroína de Lou

sê veneno e antídoto

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Desastrevida

por onde passo tudo quebra

..:::..

mero catalisador

quem precisa sair limpo

merda no ventilador

Heartstealing

nossa vã prisão o máximo
frágil quão caixão torácico
vendo o Sol nascer rajado
nessas grades de costela

ah! se os punhos fossem limas
se as promessas fossem sérrias

fugiria com tuas rimas

por quilômetros de artérias

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Marginal

rio mais que choro
mas que nado pra cachorro
tragicomo por beiradas
que é pra não pedir socorro

vertentando cachoeiras
ah, de tédio é que não morro
nessa gota que o pariu
eu me atiro de barril!

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Hasta

deu-me um beijo na trave, foi-se para sempre
talvez tenha comprado cigarros no caminho

prometemos que íamos parar

mas ficamos
em sonhos
sempre
tensão

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

High on high heels

drunk crossdresser
acorda e te veste!
os lábios borrados
as unhas malfeitas

cadáver maquiado
por hora foi deusa
maculas lençóis
+sóis de pureza

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Dreamcracker

joão cabral melado neto
severou ruas tamanhas

escolheu a via pétrea

via fé mover montanhas

iam péscalando morros

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Presa

o gato s'entrelaça
roça pêlos nas canelas
como a mão no ventre dela
quer licenças e favores

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Po'iticica!!!

tacou fogo no concreto!
lá jazia o teu acervo
só o movimento é certo

em parangolés de vento
na fumaça ele sorria
circo e chamas a contento

domingo, 15 de agosto de 2010

sábado, 14 de agosto de 2010

Flor de nós

rosnei pra flor interior
de meus pecados capitais
não há alívio em seu favor
nem comprimidos semanais

nem compromissos semanais
nem consumismos seminais

ou a massagem de palavras
que me toca e não desfaz
ou laxativotaxativofitopaz
que não me toca não desfaz

o nó

sem tempo, início ou fim pra desatar

felicidade para felinos poucos

sábado, 31 de julho de 2010

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Dedor

alienígena ao meu corpo
como o dedo de um ET

mas em vez do indicador
o famoso opositor

ao invés de brilhar luz
pus a gaze, brilhou pus

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Reunião extraordinária

estado do caos


só tu a me governar

cá sou mero escrivão:
atas bocas vão atar

                 Folianópolis, doce (de) februário de 2010?

terça-feira, 20 de julho de 2010

Sick and destroy

autodestrutivo assim

talvez ser sim

alto reconstrutivismo

que da cinza do último cigarro
brota fênix a(s)cender

                         ... o próximo.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Classicacos

o clássico
não se põe em pedestal
se derruba (e) distraído!
fiz mosaico de sentidos
    classe       co       lar
            classe   fi    car

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Es cama

escolheu a insônia
insistia em se deitar
viu paredes babilônias
cantorrendo pra ninar


dormiu no ponto
a mil no ponteiro

quinta-feira, 15 de julho de 2010

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Navalha na carne

seringueira com quatro laminadas que formam uma boceta
segue o sumo como um rio que procura

efêmera cachoeira
que não cessa

borracho!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Estardes

bastardia

bastava
tardava
e ardia

Onifagia (fas oral)

expurgarte
vomitar-te
até o estranho objeto
até o entranho abjeto
de mim fora
fazer parte

refeição de meninice

não sacia
"só faz arte"

  no sofá
a lambuzar

no sol fa(z)
ali mentar