água pesada
p(l)antanada
mangue tal
pensar que parou
só está descansando
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
DR
te querer por inteira
metade em mim +
outras às beiras
de ataque
de nervos
soltamos as mãos
botamos as luvas
palavra, não fuja
se se perder
é assinar no outro
um sigilo cicatriz
metade em mim +
outras às beiras
de ataque
de nervos
soltamos as mãos
botamos as luvas
palavra, não fuja
se se perder
é assinar no outro
um sigilo cicatriz
Testemunho de Geovai I
a minha opinião é a seguinte: as pessoas precisam de Mike Patton na vida delas... e falo isso como doutorgado no assunto. foi-me revelado (e isso fica entre nós, okay?) que ele é um dos inúmeros avatares da Era de Aquário, então prestem atenção na Palavra do cristão, porra caralho! nem que em doses controladas, homeopáticas, fáceis (e de ressaca) como manhã de domingo de missa flerte. nem que de início seja só pra comer a hóstia. relaxa, eu também comecei assim e, quando vi, a puberdade eucarística chegara e eu não queria mais às penas o corpo jesuíta... e quero mais, quero mais que o vício aumente, vire vórtex valente, porque a Eradoamor é voraz e não suporta gente torpe! fantasmas da exposição à parte, o Fantômas foi a coisa mais desconcertante que eu vi a poucos palmos e isso é o que? é amizade!!! porque tem momentos que a gente tem que esmagar, pisar e ser Crueldade com os paradigmas de quem queremos bem como xepa de crivo. porque também é bom querer bem a xepa para que ela se torne filtro branquinho de novo outro Dia - bem, no fim a cor é apenas uma sugestão modista e, Bem no fim, no fundo do poço, a xepa escolhe vestir ou não a carapuça de Ave (ah, como tem filtro diferente - o branco e o canarinho inquieto - há além os mais meteóricos que preferem a dor e o êxtase sem filtro ou vaselina). as coisas que fazes, nem sabes, me deixam corado!!! pálido. sabe, por mais fundo que seja o poço, ver uma xepa reascender e voltar a ser brasa, mora, lá, aqui dentro, em Hades e, ainda assim, é bonito ver brilhar.
A origem
tem parede entre a gente
tinta branca gente cala
que a partir daí a fala
éxtensão do infinito
no fim enfim
somos tão mesma moeda
que querendo o outro embaixo
não vemos a graça
de girar para sempre
tinta branca gente cala
que a partir daí a fala
éxtensão do infinito
no fim enfim
somos tão mesma moeda
que querendo o outro embaixo
não vemos a graça
de girar para sempre
Adeuses
vida de bardo
fica de fardo
o corpo na mala
amor pra via toda
em tod'e qualquer
banco d'estação
fica de fardo
o corpo na mala
amor pra via toda
em tod'e qualquer
banco d'estação
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
domingo, 19 de dezembro de 2010
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Revolução jupiteriana
tem tempo vaca gorda
que é bem tempo ruim
pra tudo quanto é ôtra
a gente toma leite
até enjoar deleita
que é bem tempo ruim
pra tudo quanto é ôtra
a gente toma leite
até enjoar deleita
domingo, 12 de dezembro de 2010
Quintal
pois levembora bola
enfi'ocampinho no rabo
eu crio geometrias outras
universo inteiro a desbravar
enfi'ocampinho no rabo
eu crio geometrias outras
universo inteiro a desbravar
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Supers tição
ordália em flor
dor ordinária
dália negra
na pele carbonizada
justiça divina vileza
tb tenso a beleza
dor ordinária
dália negra
na pele carbonizada
justiça divina vileza
tb tenso a beleza
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Cruzes intenções
cruz de ouro
.. em pó to
. powder
yanose
que cada um
pregou a cruz
que meretriz
carrega o carma que quer
carpinta calvárias vezes
.. em pó to
. powder
yanose
que cada um
pregou a cruz
que meretriz
carrega o carma que quer
carpinta calvárias vezes
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Coivara
Alergia ao shampoo. Alergia ao condicionador. Afagos alheios. Brotoejas assassinas. Mera descamação da pele oleosa (que se opunha à secura dos cabelos grossos e compridos). Percorreu com o pensamento a enciclopédia inteira que tinha dentro de si sobre as possíveis e horrendas doenças que pudessem permitir a sua tomada corporal através daquela simples coçadinha. O eufemismo diminutivo se fazia claro quando, não contente com o atrito de seu médio e indicador esquerdos, aquela pequena bolinha de pele inchada na parte de trás da cabeça (vermelha, só podia ser vermelha a filhadaputinha), pedia que fosse possuída carnalmente por suas unhas. Nem pensou duas vezes. Pensando depois, sequer pensou! Tem vontade que pega a gente de jeito e não tem Mercúrio ou Descartes que ajude nessas horas... Se pensasse, provavelmente tentaria refrear a pulsão - as unhas estavam imundas! Dia de inverno em casa, segundo dia sem lavar os cabelos, a oleosidade da pele do pelo se misturava com a resposta meio aquosa da derme que, convidativa, se abria para o novo amante. Parecia lubrificar no decorrer... Já era o milhonésimo orgasmo que seu risinho de olhos fechados denunciava às paredes da casa vazia. Escovou os dentes, enforcou o banho e foi se deitar.
Acordou e era ainda madrugada. Viu alguns pontinhos de sangue no lençol e concluiu que talvez tivesse exagerado nessa coisa meio luxuriosa que é se coçar. Como uma virgem... Arrependimento, dever cumprido, Amor, o que era aquilo? Passando uma das mãos na cabeça, também notou que a bolinha tinha aumentado um tanto. E como inchou! Tentou voltar pros sonhos, pra eros, mas urra! A coisainda lutava pela Vida, reagira ao toque e começava a latejar num alarde tamanho que, por certo, acordaria até o menos atento dos vizinhos. Não doía mas era, com toda a certeza, desconfortável pra caramba. A casquinha da ferida que se formou coçava demais, céus, como tinha pavor dessas casquinhas!!! Sempre quando estas pareciam oferecer a menor resistência, escalpelava a si próprio sem a menor dó. Não fazia muito sentido em termos de cicatrização, era, sim, algo mais próximo de certa obsessão estética: E se por um acaso afagassem seu cabelo naquela manhã???
Em questão de segundos viu a si mesmo arfando em meio a sangue, sangue, lençóis, travesseiros, sangue... e viu a si mesmo mesmo, assim como alguém que nos vê de fora da órbita de nossos olhos terrenos: Um rapaz, sentado no meio de uma cama de casal e um rio de hemácias brotando nascente.
Em um piscar de olhos ;O a parede de seu quarto que se fazia cada vez mais clara no quarto escuro, palco para uma hemorragia improvisada e plateia insone.
Tocou novamente a bolinha com unha e dente, e se viu monstruoso quando tateou o estrago que tinha feito ao seu redor; Uma cratera, um rombo federal no Tesouro, que julgava mão nenhuma ser capaz de esculpir (ironicamente, sem causar o menor dano aparente à esfera, régia em meio ao caos de osso, pele, cabelo e massa encefálica). Rijo, o novo corpo tomara um formato menos circular; Se ligava por fim a um bulbo que sumia cérebro adentro tal qual um clitóris em sinal de alerta.
A quebra do silêncio chocava y ecoa. Oa tordoa! Uma voz convidativa reverbera da cratera como lava de vulcão.
Se toque...
Ta(l)king on, assim prosearam até raiar o dia... Divergiram em alguns pontos mas se entenderam muito bem, de um modo geral. Ela entendia sua falta de perspectivas e, às vezes, também se sentia assim. Que perspectivas tinham de ser plantadas em outro solo de vez em quando, que calvice não é demérito... Que daquele jeito a nossa Árvore da Vida não iria dar frutos para matar a fome de tantos. Que daquele jeito não ia dar pé. E, por mais que Caridoso dividisse contentemente constantemente conquemquerquefosse o que tinha como seu, sabia há muito tempo que a raiz é mais embaixo.
Baixou a cabeça.
Brotou a semente da dúvida.
Sozinho em casa, já não era a primeira vez que refletia sobre como as suas pulsões destrutivas talvez pudessem encurtar alguns caminhos para o Bem geral da nação... Os tais males que vem pra bend! E achou sinceramente que, na atual peregrinação, já tinha pego tantos atalhos errôneos - que a road to nowhere já era sem volta. O pesado, charmoso e enigmático destino reservado aos suicidas... E também aproveitou pra decretar a própria culpa, que já fizera gente demais sofrer por suas meninices inconsequentes. Que aquela semente em sua cabeça não merecia nascer nesse mundo - para dar de comer a eleitos a troco de notas de papel, cadáveres celulose de amigas que se foram pr'outro lado.
Tiferet argumentava desesperadamente que tinha um plano em mente, que tudo podia dar certo. Pedia uma última chance.
Irredutível, o rapaz pegou o frasco de acetona - encharcou sua cabeça e, piromaníaco que sempre fora, lembrou alguém que falava que a vida era um fósforo.
Tacou fogo nos cabelos!
Vem se recuperando bem das queimaduras e da lobotomia de urgência a que fora submetido para a retirada de um tumor mui maligno (já do tamanho de uma semente).
Acordou e era ainda madrugada. Viu alguns pontinhos de sangue no lençol e concluiu que talvez tivesse exagerado nessa coisa meio luxuriosa que é se coçar. Como uma virgem... Arrependimento, dever cumprido, Amor, o que era aquilo? Passando uma das mãos na cabeça, também notou que a bolinha tinha aumentado um tanto. E como inchou! Tentou voltar pros sonhos, pra eros, mas urra! A coisainda lutava pela Vida, reagira ao toque e começava a latejar num alarde tamanho que, por certo, acordaria até o menos atento dos vizinhos. Não doía mas era, com toda a certeza, desconfortável pra caramba. A casquinha da ferida que se formou coçava demais, céus, como tinha pavor dessas casquinhas!!! Sempre quando estas pareciam oferecer a menor resistência, escalpelava a si próprio sem a menor dó. Não fazia muito sentido em termos de cicatrização, era, sim, algo mais próximo de certa obsessão estética: E se por um acaso afagassem seu cabelo naquela manhã???
Em questão de segundos viu a si mesmo arfando em meio a sangue, sangue, lençóis, travesseiros, sangue... e viu a si mesmo mesmo, assim como alguém que nos vê de fora da órbita de nossos olhos terrenos: Um rapaz, sentado no meio de uma cama de casal e um rio de hemácias brotando nascente.
Em um piscar de olhos ;O a parede de seu quarto que se fazia cada vez mais clara no quarto escuro, palco para uma hemorragia improvisada e plateia insone.
Tocou novamente a bolinha com unha e dente, e se viu monstruoso quando tateou o estrago que tinha feito ao seu redor; Uma cratera, um rombo federal no Tesouro, que julgava mão nenhuma ser capaz de esculpir (ironicamente, sem causar o menor dano aparente à esfera, régia em meio ao caos de osso, pele, cabelo e massa encefálica). Rijo, o novo corpo tomara um formato menos circular; Se ligava por fim a um bulbo que sumia cérebro adentro tal qual um clitóris em sinal de alerta.
A quebra do silêncio chocava y ecoa. Oa tordoa! Uma voz convidativa reverbera da cratera como lava de vulcão.
Se toque...
Ta(l)king on, assim prosearam até raiar o dia... Divergiram em alguns pontos mas se entenderam muito bem, de um modo geral. Ela entendia sua falta de perspectivas e, às vezes, também se sentia assim. Que perspectivas tinham de ser plantadas em outro solo de vez em quando, que calvice não é demérito... Que daquele jeito a nossa Árvore da Vida não iria dar frutos para matar a fome de tantos. Que daquele jeito não ia dar pé. E, por mais que Caridoso dividisse contentemente constantemente conquemquerquefosse o que tinha como seu, sabia há muito tempo que a raiz é mais embaixo.
Baixou a cabeça.
Brotou a semente da dúvida.
Sozinho em casa, já não era a primeira vez que refletia sobre como as suas pulsões destrutivas talvez pudessem encurtar alguns caminhos para o Bem geral da nação... Os tais males que vem pra bend! E achou sinceramente que, na atual peregrinação, já tinha pego tantos atalhos errôneos - que a road to nowhere já era sem volta. O pesado, charmoso e enigmático destino reservado aos suicidas... E também aproveitou pra decretar a própria culpa, que já fizera gente demais sofrer por suas meninices inconsequentes. Que aquela semente em sua cabeça não merecia nascer nesse mundo - para dar de comer a eleitos a troco de notas de papel, cadáveres celulose de amigas que se foram pr'outro lado.
Tiferet argumentava desesperadamente que tinha um plano em mente, que tudo podia dar certo. Pedia uma última chance.
Irredutível, o rapaz pegou o frasco de acetona - encharcou sua cabeça e, piromaníaco que sempre fora, lembrou alguém que falava que a vida era um fósforo.
Tacou fogo nos cabelos!
Vem se recuperando bem das queimaduras e da lobotomia de urgência a que fora submetido para a retirada de um tumor mui maligno (já do tamanho de uma semente).
Psychal graffiti
love ghostwriter
right by your side
whenever you need
you still have my seed
inside you my pen
you can call on me
right by your side
whenever you need
you still have my seed
inside you my pen
you can call on me
domingo, 28 de novembro de 2010
Gárgulas
assistindo a amigos
inchando as máscaras
de gesso por dentro
do rosto de resto
quebrando a cara
inchando as máscaras
de gesso por dentro
do rosto de resto
quebrando a cara
terça-feira, 23 de novembro de 2010
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Nova esquerda
indie gestão
de gestos
setecentos
d'amplidão
dando manos
ego enganos
somos 0
à direita
de gestos
setecentos
d'amplidão
dando manos
ego enganos
somos 0
à direita
sábado, 13 de novembro de 2010
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
terça-feira, 9 de novembro de 2010
Contos de fada
sobre o primeiro dia na escola
os dias que não lembro na avó
só me contam
e disputam
lugarnocéu
omeutb!
os dias que não lembro na avó
só me contam
e disputam
lugarnocéu
omeutb!
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Narciso
A autoimagem era dantesca... Dizem que os espelhos remetem ao elemento Água, talvez daí venha a carga emotiva de cada reflexão. E também pouco ajudava a irregularidade nos graus de miopia, astigmatismo e estrabismo em cada globo ocular, que não mais dispunham dos óculos tomados de assalto meses atrás. De qualquer modo, receita de lentes errôneas de um diagnóstico errado... De um relance errante no espelho. Se admirar é um lance de dados.
Igrejaz
frase-efeito e fé lacônica
reverberem nas lacunas cá
escancarem frestas, furos cá
frágil planta arquitetônica
quem paredes grafitadas já
questionou o céu pintado nas
orações de automatismo nas
pregações monocromáticas
reverberem nas lacunas cá
escancarem frestas, furos cá
frágil planta arquitetônica
quem paredes grafitadas já
questionou o céu pintado nas
orações de automatismo nas
pregações monocromáticas
domingo, 7 de novembro de 2010
sábado, 6 de novembro de 2010
Proteção psíquica
hay o medo de dormir
ai, o medo de acordar
transitar entre deus/planos
de forjar os novos planos
terrenos
ai, o medo de acordar
transitar entre deus/planos
de forjar os novos planos
terrenos
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Procrastinação matrimonial
Em 1980 lavava louças, lavava o piso, lavava a cara e deixava tudo pronto. E esperava um pouco, pois também lavara a roupa que estendera no varal que, posteriormente vago, lhe serviria para fins mais sórdidos. Tirou de lá a calça preta e a camisa azul escuro de botões mais claros, ambas muito sociais pouco sociáveis - coisa de ocasiões festivas em geral. Passou ambas de improviso na mesa da cozinha com a aparente calma e economia de sempre, mas parecia, pa, que o ferro fervilhava era de dentro. Vestiu ambas, estava nu até agora - às vezes sentia mesmo que podia andar pelado em casa. Entre a dourada e a roxa, escolheu a última toalha para depor sobre a mesa. E não esquecera de considerar: Habitava uma cidade fria, cinza, industrial em uma ilha x do Atlântico. Maquiavelicamente propensa a esfolar a joie de vivre de seus pobres urbanos. O roxo ficaria bem melhor em p&b. Abriu uma breve garrafa de whiskey na TV passava um filme querido, mas daqueles ardidos que emperram o malte ao fazerem piada de graça de um canceriano sem lar. Breve garrafa maltada. Maldita, sempre pede mais uma quando não é a hora. E é agora! Iggy na vitrola, subiu as escadas para dançar de olhos maquiados no espelho. Descamisado, desempregado na Cidade Indústria por excelência - o que diz muita coisa. Sobre tu, não sobre ele que, sóbrio, continuava na dança (e)vocação xamânica. E o espelho parecia contente, e se via em seu ídolo; Mas seu ídolo morrera há meses; Sua banda cover definhara há dias e enxotara sua namorada de cas' há segundos. E ídolo rindo como nunca em vida. Não quebraria o espelho: Azar e falta de respeito! Bad carma. Vestiu novamente a camisa, desceu as escadas, virou o disco. Sacudiu a garrafa pra sentir mais umas gotas do néctar da vida e a jogou na lixeira reciclável. Garrafa e vida. E como o ídolo que dera cabo em sua própria morte, would give him(self) enough rope. Disciplina de escoteiro é liberdade, nó de marinheiro fortalece, sobe varal, trepa na máquina e... Campainha!
Era 1994 e era entrega dos correios. Há uns vinte anos atrás a entrega causava frisson, mas no momento inoportuno eles causavam só pavor. Não atendeu! Seria a mais pura invasão sangue suga de sua privatecidade. Há uns dois meses atrás o seu pânico de telefone teve um pico, chute de bico, e agora o aparelho era bola disforme em algum canto da casa labiríntica. Não tava caso perdido, mas estava mesmo era distante de filha, mãe, pais? Sempre preocupados e impotente mente opressiva... Tanto que, a última vítima do voleio pisciano, telefônico, fora o sempre insistente empresário. Que num belo momento desistiu, pudera. Dois meses de recolhimento oportuno. Cidade fria, cinza e industrial, numa ilha maior, sitiada, à beira de um ataque de nervos à paz do Pacífico. Deu tempo de lavar louças, esquentar colher, lavar piso, tentar livrar a cara e fazer um som. A banda ia bem, obrigado, em algum outro canto do condado. Um ídolo, amigo e confidente tinha se matado e lá ia ele outra vez. Colher esquentada, uma última re feição. Arma carregada. Alguns últimos pedidos escritos. Ídolos e súditos satisfeitos. Outros não... Esquenta a colher. Lava a colher. E o maldito eletrecista.
Em 1995 o problema da casa era a umidade, dizia o eletrecista. O pai dizia que não e a sogra teimava que o mofo estava consumindo o papel de parede da casa recencomprada! A filha, desacostumada, só fazia chorar. E a mangueira ainda tava aberta quando se punha a encerar o carro novo com a melhor maquiagem disponível no mercado. Lavou a lataria, lavou o carpê, tão caro quanto a cara de todos (bônus e ônus do novo empresário). Sequer desligou a torneira e foi dar uma voltinha por aí. Uma banda! Abandonou o carro brilhante em meio a possantes rotos, enferrujados e teve vontade de consertar o mundo - aquela era parada de costume para pessoas em crise. Pra quem não diferencia abstenção de abstinência, as crises são todas iguais e alvo fácil de coitadismo... Sereno, plácido, a aparente calma de nunca, desceu do carro sem colheres muletas ou macacos. Farejou o precipício... A ponta dos pés esfarela a Terra - um borrão no horizonte; Ela! E brincam com o eco das vozes até o anoitecer para depois fugirem pra longe da narrativa/profundidade de campo, Atlântida. Romeu pulou ao encontro de Ju e vice voa mar adentro.
Em 1996 iniciaram-se as querelas judiciais envolvendo familiares, membros da banda e demais lesados. O carro foi encontrado e estava um brinco!
Era 1994 e era entrega dos correios. Há uns vinte anos atrás a entrega causava frisson, mas no momento inoportuno eles causavam só pavor. Não atendeu! Seria a mais pura invasão sangue suga de sua privatecidade. Há uns dois meses atrás o seu pânico de telefone teve um pico, chute de bico, e agora o aparelho era bola disforme em algum canto da casa labiríntica. Não tava caso perdido, mas estava mesmo era distante de filha, mãe, pais? Sempre preocupados e impotente mente opressiva... Tanto que, a última vítima do voleio pisciano, telefônico, fora o sempre insistente empresário. Que num belo momento desistiu, pudera. Dois meses de recolhimento oportuno. Cidade fria, cinza e industrial, numa ilha maior, sitiada, à beira de um ataque de nervos à paz do Pacífico. Deu tempo de lavar louças, esquentar colher, lavar piso, tentar livrar a cara e fazer um som. A banda ia bem, obrigado, em algum outro canto do condado. Um ídolo, amigo e confidente tinha se matado e lá ia ele outra vez. Colher esquentada, uma última re feição. Arma carregada. Alguns últimos pedidos escritos. Ídolos e súditos satisfeitos. Outros não... Esquenta a colher. Lava a colher. E o maldito eletrecista.
Em 1995 o problema da casa era a umidade, dizia o eletrecista. O pai dizia que não e a sogra teimava que o mofo estava consumindo o papel de parede da casa recencomprada! A filha, desacostumada, só fazia chorar. E a mangueira ainda tava aberta quando se punha a encerar o carro novo com a melhor maquiagem disponível no mercado. Lavou a lataria, lavou o carpê, tão caro quanto a cara de todos (bônus e ônus do novo empresário). Sequer desligou a torneira e foi dar uma voltinha por aí. Uma banda! Abandonou o carro brilhante em meio a possantes rotos, enferrujados e teve vontade de consertar o mundo - aquela era parada de costume para pessoas em crise. Pra quem não diferencia abstenção de abstinência, as crises são todas iguais e alvo fácil de coitadismo... Sereno, plácido, a aparente calma de nunca, desceu do carro sem colheres muletas ou macacos. Farejou o precipício... A ponta dos pés esfarela a Terra - um borrão no horizonte; Ela! E brincam com o eco das vozes até o anoitecer para depois fugirem pra longe da narrativa/profundidade de campo, Atlântida. Romeu pulou ao encontro de Ju e vice voa mar adentro.
Em 1996 iniciaram-se as querelas judiciais envolvendo familiares, membros da banda e demais lesados. O carro foi encontrado e estava um brinco!
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Zombie lies
Tem morto que sabe mais que gente. Tem morto que mente. E tem morto que sente. Muito. E é por isso qu'ele mente.
Fala pra gente. Que tem céu que tem ente.
Aquela coisa, jesus aparece agora e fala que a stairway to heaven é a yellow brick road. Verdade, mentira ou metáfora pop?
Fala pra gente. Que tem céu que tem ente.
Aquela coisa, jesus aparece agora e fala que a stairway to heaven é a yellow brick road. Verdade, mentira ou metáfora pop?
School
Era o seu primeiro ano naquela escola. Um brilhante iniciado que, todos esperavam, não iria fazer feio. Todos vírgula. Alguns. A Associação de Pais e Professores, os colegas diretores e o ombro de muitos Amigos.
Não falharia naquele teste.
Mas já era quase almoço e, no ímpeto da manhã, esquecera o teste de Fisiologia. Estava apertado. De dar dó! Bem, todos sabem que, bom, naquele tempo, oras, você sabe muito bem que só pode ir ao banheiro depois de ler isso; Em suma, quando eu der a permissão.
E quando terminar o teste.
Mas já era a segunda vez que pedia, agora implorava com certa vergonha da cocota enamorada à diagonal de sua carteira.
Desde então, adquirira uma relação muito dúbia com as instituições: Uma vontade de sair correndo, teste em branco. Que resultava em calças molhadas no mesmo lugar.
Não falharia naquele teste.
Mas já era quase almoço e, no ímpeto da manhã, esquecera o teste de Fisiologia. Estava apertado. De dar dó! Bem, todos sabem que, bom, naquele tempo, oras, você sabe muito bem que só pode ir ao banheiro depois de ler isso; Em suma, quando eu der a permissão.
E quando terminar o teste.
Mas já era a segunda vez que pedia, agora implorava com certa vergonha da cocota enamorada à diagonal de sua carteira.
Desde então, adquirira uma relação muito dúbia com as instituições: Uma vontade de sair correndo, teste em branco. Que resultava em calças molhadas no mesmo lugar.
Snowblind
coca light numa night
é tão claro que ilumina
pegue leve com o pop
soda pop se religa
se não se ligar
a luz se vicia
é tão claro que ilumina
pegue leve com o pop
soda pop se religa
se não se ligar
a luz se vicia
Peleja
coceira impele
o pêlo nem pede
implora à pele
não tape o sol
com suapeneira
(suor)
pois nada impede
de nascer em pilo
e de timplodir
no me nor vacilo
o pêlo nem pede
implora à pele
não tape o sol
com suapeneira
(suor)
pois nada impede
de nascer em pilo
e de timplodir
no me nor vacilo
quarta-feira, 3 de novembro de 2010
Soltu(r)a
avantgarde celibataire
y mi esposa de pelucha
tienes llave aún tu piedes
oh! não vá não nunca fuja
y mi esposa de pelucha
tienes llave aún tu piedes
oh! não vá não nunca fuja
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Malho
De fato, o material a que tivera acesso dava dó. Conservava, sim, um quê de pureza que há muito não dispunha. Mas, no primeiro gole da lata de cerveja, aquilo que era resquício em sua boca se fez espuma. Com que diabos haviam malhado aquilo? O estômago em festa. Benvindo à floripa. Um bom lugar para ficar alto - aparelho digestório, uma banheira de motel barato.
Terremoto
los muertos los vivo
se ríen acá
dão voltas nos túmu
los muertos lo danzan
a terra em transe
se ríen acá
dão voltas nos túmu
los muertos lo danzan
a terra em transe
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Dependulado
sinto que há tempos me equilibro numa navalha
ocorre que tem alguns dias: caí (belíssimo)
tenho as mãos a sangrar.
é difícil de comer.
ocorre que tem alguns dias: caí (belíssimo)
tenho as mãos a sangrar.
é difícil de comer.
domingo, 31 de outubro de 2010
Amis
reconheço ao longe meus amigos
na tosse aguda que nos rasgargantas
nas atitudes nas carícias santas
nos amiúdes nas carências tantas
pois amor é pra ser indigente
mendicante tb prepotente
retirante num bom dissidente
evasivo fugaz permanente
na tosse aguda que nos rasgargantas
nas atitudes nas carícias santas
nos amiúdes nas carências tantas
pois amor é pra ser indigente
mendicante tb prepotente
retirante num bom dissidente
evasivo fugaz permanente
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Diálogo III
- fala alguma coisa.
- (...)
- ninguém é alguém sem nada a declarar!
- Beleza.
- de beleza em beleza se faz poesia épica... aloka otimista.
- (...)
- ninguém é alguém sem nada a declarar!
- Beleza.
- de beleza em beleza se faz poesia épica... aloka otimista.
Miss simpatia
pra Bandeira Branca
era bandeira dois
porque a negra era usual
e a caveir' era sinal:
ser pirata é ser Legal
e a cada ataque
fervi o sangue
púrpura
e fazia rubro pano
"paz de cu é rôla"!
era bandeira dois
porque a negra era usual
e a caveir' era sinal:
ser pirata é ser Legal
e a cada ataque
fervi o sangue
púrpura
e fazia rubro pano
"paz de cu é rôla"!
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Fósforo
ver o cerco pegar fogo
ver no circo pranto encoro
funeral pyre
piromania emocional
queimadurenaltograu
eu cicatrizo, ah, se renasço!
e tu vais mijar na cama
ver no circo pranto encoro
funeral pyre
piromania emocional
queimadurenaltograu
eu cicatrizo, ah, se renasço!
e tu vais mijar na cama
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Ti me dês
era difícil ser domado
tímido ambicioso tarado
queria feitos universais
e multidões de bacanais
à meia luz, okay?
tímido ambicioso tarado
queria feitos universais
e multidões de bacanais
à meia luz, okay?
Mão direita
A criança de uma mão quis tocar no violão. E o violeiro, já feliz, mal algum viu em deixar a criança animar um pouco o baile - que a essa altura da madruga tava té um pouco morno e mais gelado que a cerveja... Seis música ela tocou no novo amigo que também só tinha um braço. A primeira foi pra mi. A segunda lá se via qu'ia terça dando ré e que o sol nasceu na quarta. Si'squeci quando foi quinta e na sexta foi o mé (do violeiro contratado, não do novo).
Óia, dava até pra rolar bis...
Óia, dava até pra rolar bis...
Tortura
essa tensão de calar e dedar
esse porão de suspense noir
tem todo um charme próprio.
que a vida não me arranca nem no paudearara
esse porão de suspense noir
tem todo um charme próprio.
que a vida não me arranca nem no paudearara
Diálogo II
- (...)
- pra tirar a gente da zona de conforto. mesmo que o conforto não tem que ter zona e cercadinho, não tem que ser estagnação. quero que meu abraço seja confortável tipo... tipo um rafting na puta que o pariu. tipo, a gente tá num bote - coletes, capacetes, palacetes e tudo mais que eu puder te dar pra te sentires segura, mas... sei lá.
- pra tirar a gente da zona de conforto. mesmo que o conforto não tem que ter zona e cercadinho, não tem que ser estagnação. quero que meu abraço seja confortável tipo... tipo um rafting na puta que o pariu. tipo, a gente tá num bote - coletes, capacetes, palacetes e tudo mais que eu puder te dar pra te sentires segura, mas... sei lá.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
História de pescador
Escrevia como pescava. Bom, nunca pescara muito na vida, mas sentia que entendia à beça daquilo. Era só tentar se ater a feitos mundanos. Ordinários... E esperar... Enumerar e classificar coisas... E esperar... E se entediar. Bastante.
E de repente, zás, o peixe akáshico na linha que divide planos; Que ato cruel e um tanto egoísta pode ser uma pescaria! Mas se alegrava porque poderia trazer a seus amigos terrenos uma lembrança daquele gostinho de Mar... (Naquela mesma efêmerinfinita comunhão de universos)
E pôs-se a multiplicar peixes e mentirinhas carne branca.
E de repente, zás, o peixe akáshico na linha que divide planos; Que ato cruel e um tanto egoísta pode ser uma pescaria! Mas se alegrava porque poderia trazer a seus amigos terrenos uma lembrança daquele gostinho de Mar... (Naquela mesma efêmerinfinita comunhão de universos)
E pôs-se a multiplicar peixes e mentirinhas carne branca.
Uivo
Tinha o hábito estranho de uivar pra Lua. Alguns achavam engraçado, assim como ele também achava divertido mugir aos céus. Certa noite, tomou um suco meio celeste e sentiu de novo aquela vontade irrefreável de uivar a oeste, tão bela era Ela; Sua amante. Do uivo agudo saiu junto o grave grunhido que tanto escondia dentro de si... Quis tentar entender, mas freou a si de tanto medo de fazer sentido.
Ou era só vergonha d'Ela...
Ou era só vergonha d'Ela...
Da crise
à frase
quo acento é grave
quo assunto éntrave
e eu só credo em cruzes que trazes
sei, voltas, mas tenho saudades
quo acento é grave
quo assunto éntrave
e eu só credo em cruzes que trazes
sei, voltas, mas tenho saudades
domingo, 17 de outubro de 2010
In vain
de vem em vão
perde a linha
coç'o saco
saca grana e fim de papo
papa história e lava as mãos
de vão em vão
perde a linha
ench'o saco
saca arma e fim de papo
pá! e a História lava as mãos
perde a linha
coç'o saco
saca grana e fim de papo
papa história e lava as mãos
de vão em vão
perde a linha
ench'o saco
saca arma e fim de papo
pá! e a História lava as mãos
sábado, 16 de outubro de 2010
Diálogo I
- tu me amas?
- obscenamente, oras.
- amor, eu me preocupo tanto. tu estás bebendo tanto, fumando tanto... comendo tanto.
- é que o bastante não me basta.
(...)
- e eu?
- obscenamente, oras.
- amor, eu me preocupo tanto. tu estás bebendo tanto, fumando tanto... comendo tanto.
- é que o bastante não me basta.
(...)
- e eu?
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Polaquices II
previu que jamais viraria estátua em sua cidade
em um gol contra de bicicleta, virou pedreira
por só ser moldadado pelos grandes
such a solid rock
em um gol contra de bicicleta, virou pedreira
por só ser moldadado pelos grandes
such a solid rock
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Doce lar
retorno à Terra
joaçabense quis embora
e embora o buraco devore
frio de casa no supre doutrora
e enjoa ma' quis imortal
evitar mesmo inevitável
evitar o destino carnal
retorno à terra
joaçabense quis embora
e embora o buraco devore
frio de casa no supre doutrora
e enjoa ma' quis imortal
evitar mesmo inevitável
evitar o destino carnal
retorno à terra
terça-feira, 5 de outubro de 2010
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Sorvete
todo mundo já sabia
tua boca eu abriria
té casquinha gelaria
tão inteira eu te sorvia
agora que todos já sabem
orgulho na gente não cabe
tã' bem como corpo cabia
num freezer d sorveteria...
security cam não deixou insegura
caiu na net!
tua boca eu abriria
té casquinha gelaria
tão inteira eu te sorvia
agora que todos já sabem
orgulho na gente não cabe
tã' bem como corpo cabia
num freezer d sorveteria...
security cam não deixou insegura
caiu na net!
Ora, Aurora!!!
eu me mato todo dia
e a cada momento
que é só pra ver
a flor e o ser
a manhã
d'inovo
amou
e a cada momento
que é só pra ver
a flor e o ser
a manhã
d'inovo
amou
domingo, 3 de outubro de 2010
Con dom
moda é amar a moda antiga
a fi em lo que now se cuide
foda é foder à moda antiga
botai o latex now nu nude
a fi em lo que now se cuide
foda é foder à moda antiga
botai o latex now nu nude
sábado, 2 de outubro de 2010
Sin fonia
polissímbolos sônicos
monossílabos tônicos
anseolíticos átonos
é tudo mashup
é tudo crossover
tudo insideout
sai do novovô
eraeditário
quem diria?
que tanta erudição
bem no fundo era edição
monossílabos tônicos
anseolíticos átonos
é tudo mashup
é tudo crossover
tudo insideout
sai do novovô
eraeditário
quem diria?
que tanta erudição
bem no fundo era edição
domingo, 26 de setembro de 2010
Bom dia
Certa manhã acordou de sonhos tranquilos.
Logicamente, havia algo de errado naquele dia. Ripas de madeira pressionavam costas e costelas; Sentia perto do rosto a fria limitação, menos de um palmo era a distância até seu corpo... Seria a tampa de meu caixão? - pensou. Era uma criança de imaginação mórbida e já tinha lido o bastante sobre pessoas enterradas vivas, tanto como favor como por punição... Antes que precisasse emular o desespero dessas personagens dos livros e filmes que tinha visto, antes de esmurrar o seu caixão com a pouca força do corpo que acorda, tratou de confirmar, conforme a vista ia se acostumando, que a tal muralha que se estendia em sua frente era MESMO o piso azulejado de seu quarto.
De qualquer modo, essa informação não lhe fornecera a segurança devida e merecida, a pequena distância entre ele e o piso era ainda agoniante e o seu corpo ainda parecia ser tragado com força em direção às farpas da madeira fina que formava o que acreditava ser o estrado de sua cama. Assim como pouco ajudava perceber (pela parca luminosidade que adentrava o quarto) que ainda não havia amanhecido. Sua mãe tinha o sono leve e odiava perder os preciosos minutos de sono anteriores ao Sol e à tripla jornada de trabalho. Qualquer barulho poderia ser mortal e, por alguns segundos, sentiu-se orgulhoso de sua serenidade até o momento, orgulhoso de não colocar tudo abaixo como sempre o incriminavam. Antigamente, tinha medo dos monstros que debaixo da sua cama moravam, mas agora entendia o porquê deles gritarem tanto...
Mas não ia gritar.
Estendendo ao máximo a sua mão esquerda pôde reconhecer o seu criado-mudo, cujos pés tateou até chegar ao piso com o qual se defrontava e que, na direção contrária, se prolongavam pelo infinito abismo que se tornara seu quarto.
Tinha, de fato, acordado invertido!
De tanto desrespeitar a gravidade das situações que lhe ensinavam na escola, tinha sido esquecido e trapaceado pela gravidade. Considerou, então, que todos os precedentes da física estavam em aberto; Que também poderia jogar sujo com a legalidade terrena e facilitar a sua fuga/queda/despertar com a ajuda do criado-mudo. Bastava um pouco da sorte dos filmes de ação: Se fizesse uma alavanca com a perna esquerda, poderia, com o impulso, tentar cravar as mãos no móvel e evitar a queda brusca em direção ao teto de seu quarto. Assim se livraria da dureza dos grilhões do est(r)ado em que estava - e estava até criando certa simpatia por ficar embaixo da cama, no quentinho das ripas separadas, mas estava também bastante atrasado para o horário escolar.
Tomou coragem para enfrentar mais um dia.
Decidiu começar com o pé esquerdo. Lançou seu corpo como em um passo de ballet para a queda de sua vida. Dispensou a ajuda de criados!
Subiu aos céus.
Se estatelou no teto!!!
Apesar de todo o virtuosismo da coreografia, o barulho não impede que a fera acorde... Não será um dia bom pra ambos.
- Caiu da cama, menino? Desce daí e limpa esse sangue no piso novo.
Logicamente, havia algo de errado naquele dia. Ripas de madeira pressionavam costas e costelas; Sentia perto do rosto a fria limitação, menos de um palmo era a distância até seu corpo... Seria a tampa de meu caixão? - pensou. Era uma criança de imaginação mórbida e já tinha lido o bastante sobre pessoas enterradas vivas, tanto como favor como por punição... Antes que precisasse emular o desespero dessas personagens dos livros e filmes que tinha visto, antes de esmurrar o seu caixão com a pouca força do corpo que acorda, tratou de confirmar, conforme a vista ia se acostumando, que a tal muralha que se estendia em sua frente era MESMO o piso azulejado de seu quarto.
De qualquer modo, essa informação não lhe fornecera a segurança devida e merecida, a pequena distância entre ele e o piso era ainda agoniante e o seu corpo ainda parecia ser tragado com força em direção às farpas da madeira fina que formava o que acreditava ser o estrado de sua cama. Assim como pouco ajudava perceber (pela parca luminosidade que adentrava o quarto) que ainda não havia amanhecido. Sua mãe tinha o sono leve e odiava perder os preciosos minutos de sono anteriores ao Sol e à tripla jornada de trabalho. Qualquer barulho poderia ser mortal e, por alguns segundos, sentiu-se orgulhoso de sua serenidade até o momento, orgulhoso de não colocar tudo abaixo como sempre o incriminavam. Antigamente, tinha medo dos monstros que debaixo da sua cama moravam, mas agora entendia o porquê deles gritarem tanto...
Mas não ia gritar.
Estendendo ao máximo a sua mão esquerda pôde reconhecer o seu criado-mudo, cujos pés tateou até chegar ao piso com o qual se defrontava e que, na direção contrária, se prolongavam pelo infinito abismo que se tornara seu quarto.
Tinha, de fato, acordado invertido!
De tanto desrespeitar a gravidade das situações que lhe ensinavam na escola, tinha sido esquecido e trapaceado pela gravidade. Considerou, então, que todos os precedentes da física estavam em aberto; Que também poderia jogar sujo com a legalidade terrena e facilitar a sua fuga/queda/despertar com a ajuda do criado-mudo. Bastava um pouco da sorte dos filmes de ação: Se fizesse uma alavanca com a perna esquerda, poderia, com o impulso, tentar cravar as mãos no móvel e evitar a queda brusca em direção ao teto de seu quarto. Assim se livraria da dureza dos grilhões do est(r)ado em que estava - e estava até criando certa simpatia por ficar embaixo da cama, no quentinho das ripas separadas, mas estava também bastante atrasado para o horário escolar.
Tomou coragem para enfrentar mais um dia.
Decidiu começar com o pé esquerdo. Lançou seu corpo como em um passo de ballet para a queda de sua vida. Dispensou a ajuda de criados!
Subiu aos céus.
Se estatelou no teto!!!
Apesar de todo o virtuosismo da coreografia, o barulho não impede que a fera acorde... Não será um dia bom pra ambos.
- Caiu da cama, menino? Desce daí e limpa esse sangue no piso novo.
Colheita mal dita
amor, eu vi sangue na pia
favor, o que foi que fizeste
corpo na via
sei que fui peste
é que nunca soaste tão fria
favor, o que foi que fizeste
corpo na via
sei que fui peste
é que nunca soaste tão fria
sábado, 25 de setembro de 2010
Rest in pieces
Sonhava em ser enfant terrible, tão terrível era a ideia de se tornar elefante brando num museu qualquer. Contudo, desde criança tinha a doença da velhice entranhada nos cabelos; Parecia contagioso!
Corria sem pressa montanha acima (a dignidade ladeira abaixo) - o eremita rabugento continuava embranquecendo tal qual neve nas madeixas.
- Me deixe em Paz!!! - Foi a última coisa que ouvi dele.
Corria sem pressa montanha acima (a dignidade ladeira abaixo) - o eremita rabugento continuava embranquecendo tal qual neve nas madeixas.
- Me deixe em Paz!!! - Foi a última coisa que ouvi dele.
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
A cada filme
se revela aos poucos
sim à revelia a poucos
via véus de valas comuns
pois como um só se varavam
seus dias
sim à revelia a poucos
via véus de valas comuns
pois como um só se varavam
seus dias
sábado, 18 de setembro de 2010
Libra estrelinha
peso na balança
só não vale peso morto
que até mesmo tempo morto
sai avoado para voar
sem dar tchau se jogou da janela
conta do mês que saiu pra passear...
só não vale peso morto
que até mesmo tempo morto
sai avoado para voar
sem dar tchau se jogou da janela
conta do mês que saiu pra passear...
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Velaria
velas velam corpo
de feliz aniversário
enveleço necidade
nametade
metadona
preenchendo cariedades
de um cadáver todo seu
que assim não adoeço
queassimfeneço jovem
stay pretty
fico preto
assim viro toda cor
alva
alma de calor
de feliz aniversário
enveleço necidade
nametade
metadona
preenchendo cariedades
de um cadáver todo seu
que assim não adoeço
queassimfeneço jovem
stay pretty
fico preto
assim viro toda cor
alva
alma de calor
Braile
certa cega inquietude nas mãos que porém
'tre abraços as tenho no corpo de alguém
sei, não estou tateando o escuro
'tre abraços as tenho no corpo de alguém
sei, não estou tateando o escuro
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Dando um tempo
...se te peço logo outra
sempremais nuncacontento
que me pedes logo água
e me pedes logo um tempo
ri, te peço algum cigarro
que teu fôlego eu lamento
ris, me pedes logo outra
e me pedes faz um tempo
sempremais nuncacontento
que me pedes logo água
e me pedes logo um tempo
ri, te peço algum cigarro
que teu fôlego eu lamento
ris, me pedes logo outra
e me pedes faz um tempo
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Interstício
é preciso ser canal
derme superficial
ter a pele bele clara
sí! sin mácula sin mal
porque for pra ser pungente
dói no fundo nervo gente
vos incomoda coro contente
dois ou um @u menos sente
a gente sangra por dentro
ruboriza
tumoriza
(des)falece
sem sequer ninguém notar
o hematoma pra narrar
derme superficial
ter a pele bele clara
sí! sin mácula sin mal
porque for pra ser pungente
dói no fundo nervo gente
vos incomoda coro contente
dois ou um @u menos sente
a gente sangra por dentro
ruboriza
tumoriza
(des)falece
sem sequer ninguém notar
o hematoma pra narrar
Live aid
aquela caixa registrava
máquina escrevia
escondidera
bandaid
se contentava em não relá-la
relatá-la
retalhá-la
como ficava contente lá
ao ver sua farmácia vazia
máquina escrevia
escondidera
bandaid
se contentava em não relá-la
relatá-la
retalhá-la
como ficava contente lá
ao ver sua farmácia vazia
Golden goose
fígado fidalgo
algo diz que deu errado
na receita do foie gras
o ganso pateta tomou umamais
e roubou o canto do cisne
algo diz que deu errado
na receita do foie gras
o ganso pateta tomou umamais
e roubou o canto do cisne
Plástico
Quer saber, minha flor? É que eu sempre achei a Morte uma atrizpersonagem convincente. Apesar da cafonice da veste trapo negro parangolé e da ineficiência de gadanha ferrugem lenta lenta, Ela sempre sempre terá seu charme kitsch. Ao vento dos que apagam velas, tudo fica muito plástico, enquanto flores como você ficam rijas eternidades para mim...
Sabe, quando eu era criança ela fugia da vacina; Depois parei.
Mas, sabe-se lá por que, recusei até a morte a antitetânica.
Sabe, quando eu era criança ela fugia da vacina; Depois parei.
Mas, sabe-se lá por que, recusei até a morte a antitetânica.
Hora são
étiquetal
qual tique nervoso
não deixe o sistema
levar todos louros
tique tal qual ponteiro
taque tá que por inteiro
toma os meios
por ahora!
amem
qual tique nervoso
não deixe o sistema
levar todos louros
tique tal qual ponteiro
taque tá que por inteiro
toma os meios
por ahora!
amem
Mulata
todo mundo é preto e branco
tudo é foto expressionista
eu pra contrastar racistas
dou mordida vira lata
tudo é foto expressionista
eu pra contrastar racistas
dou mordida vira lata
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Estil life
Uma estilista me disse um dia que verde amarelo não combinam. Achei deselegante da parte dela alfinetar o (acon)tecido; Meter a colher, meter a concha chulamente num casamento de tanto tempo - sem sequer ser convidada para o ménage. Pois flor e folha também dão tempo. Que diria, guria... Amor de ipê está fora de moda! Fica pra próxima estação.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Enseja
que seja marginal, que seja herói
e seja mainstream e seja vilão
e seja a heroína de Lou
sê veneno e antídoto
e seja mainstream e seja vilão
e seja a heroína de Lou
sê veneno e antídoto
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Desastrevida
por onde passo tudo quebra
..:::..
mero catalisador
quem precisa sair limpo
merda no ventilador
..:::..
mero catalisador
quem precisa sair limpo
merda no ventilador
Heartstealing
nossa vã prisão o máximo
frágil quão caixão torácico
vendo o Sol nascer rajado
nessas grades de costela
ah! se os punhos fossem limas
se as promessas fossem sérrias
fugiria com tuas rimas
por quilômetros de artérias
frágil quão caixão torácico
vendo o Sol nascer rajado
nessas grades de costela
ah! se os punhos fossem limas
se as promessas fossem sérrias
fugiria com tuas rimas
por quilômetros de artérias
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Marginal
rio mais que choro
mas que nado pra cachorro
tragicomo por beiradas
que é pra não pedir socorro
vertentando cachoeiras
ah, de tédio é que não morro
nessa gota que o pariu
eu me atiro de barril!
mas que nado pra cachorro
tragicomo por beiradas
que é pra não pedir socorro
vertentando cachoeiras
ah, de tédio é que não morro
nessa gota que o pariu
eu me atiro de barril!
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Hasta
deu-me um beijo na trave, foi-se para sempre
talvez tenha comprado cigarros no caminho
prometemos que íamos parar
mas ficamos
em sonhos
sempre
tensão
talvez tenha comprado cigarros no caminho
prometemos que íamos parar
mas ficamos
em sonhos
sempre
tensão
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
High on high heels
drunk crossdresser
acorda e te veste!
os lábios borrados
as unhas malfeitas
cadáver maquiado
por hora foi deusa
maculas lençóis
+sóis de pureza
acorda e te veste!
os lábios borrados
as unhas malfeitas
cadáver maquiado
por hora foi deusa
maculas lençóis
+sóis de pureza
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Dreamcracker
joão cabral melado neto
severou ruas tamanhas
escolheu a via pétrea
via fé mover montanhas
iam péscalando morros
severou ruas tamanhas
escolheu a via pétrea
via fé mover montanhas
iam péscalando morros
terça-feira, 24 de agosto de 2010
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Po'iticica!!!
tacou fogo no concreto!
lá jazia o teu acervo
só o movimento é certo
em parangolés de vento
na fumaça ele sorria
circo e chamas a contento
lá jazia o teu acervo
só o movimento é certo
em parangolés de vento
na fumaça ele sorria
circo e chamas a contento
domingo, 15 de agosto de 2010
Vento de ribeirão
bateu uma brisa que nuca se vê
que nunca suspiro se não merecer
enésima vez eu achei ser você
que nunca suspiro se não merecer
enésima vez eu achei ser você
sábado, 14 de agosto de 2010
Flor de nós
rosnei pra flor interior
de meus pecados capitais
não há alívio em seu favor
nem comprimidos semanais
nem compromissos semanais
nem consumismos seminais
ou a massagem de palavras
que me toca e não desfaz
ou laxativotaxativofitopaz
que não me toca não desfaz
o nó
sem tempo, início ou fim pra desatar
felicidade para felinos poucos
de meus pecados capitais
não há alívio em seu favor
nem comprimidos semanais
nem compromissos semanais
nem consumismos seminais
ou a massagem de palavras
que me toca e não desfaz
ou laxativotaxativofitopaz
que não me toca não desfaz
o nó
sem tempo, início ou fim pra desatar
felicidade para felinos poucos
terça-feira, 10 de agosto de 2010
domingo, 8 de agosto de 2010
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
O chamado
daquele apego ao fundo do poço
de tanto lembrar teu útero...
as paredes suam gozo
e lá fora é frio e feio
de tanto lembrar teu útero...
as paredes suam gozo
e lá fora é frio e feio
sábado, 31 de julho de 2010
sexta-feira, 30 de julho de 2010
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Dedor
alienígena ao meu corpo
como o dedo de um ET
mas em vez do indicador
o famoso opositor
ao invés de brilhar luz
pus a gaze, brilhou pus
como o dedo de um ET
mas em vez do indicador
o famoso opositor
ao invés de brilhar luz
pus a gaze, brilhou pus
sexta-feira, 23 de julho de 2010
quinta-feira, 22 de julho de 2010
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Reunião extraordinária
estado do caos
só tu a me governar
cá sou mero escrivão:
atas bocas vão atar
Folianópolis, doce (de) februário de 2010?
só tu a me governar
cá sou mero escrivão:
atas bocas vão atar
Folianópolis, doce (de) februário de 2010?
terça-feira, 20 de julho de 2010
Sick and destroy
autodestrutivo assim
talvez ser sim
alto reconstrutivismo
que da cinza do último cigarro
brota fênix a(s)cender
... o próximo.
talvez ser sim
alto reconstrutivismo
que da cinza do último cigarro
brota fênix a(s)cender
... o próximo.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
Classicacos
o clássico
não se põe em pedestal
se derruba (e) distraído!
fiz mosaico de sentidos
classe co lar
classe fi car
não se põe em pedestal
se derruba (e) distraído!
fiz mosaico de sentidos
classe co lar
classe fi car
domingo, 18 de julho de 2010
sexta-feira, 16 de julho de 2010
Es cama
escolheu a insônia
insistia em se deitar
viu paredes babilônias
cantorrendo pra ninar
dormiu no ponto
a mil no ponteiro
insistia em se deitar
viu paredes babilônias
cantorrendo pra ninar
dormiu no ponto
a mil no ponteiro
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Clean
one hit combo
one hit wonder
shoot to kill
sniper skill
making corpses dance minimal
(Mars in Virgo [V] sextile Pluto in Scorpio [VII])
one hit wonder
shoot to kill
sniper skill
making corpses dance minimal
(Mars in Virgo [V] sextile Pluto in Scorpio [VII])
Carpo
meta: formosa
meta morfose
meta lhadora
ética
estética
estica e puxa
metacorpo mata o corpo
a facadas de bisturi
meta morfose
meta lhadora
ética
estética
estica e puxa
metacorpo mata o corpo
a facadas de bisturi
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Navalha na carne
seringueira com quatro laminadas que formam uma boceta
segue o sumo como um rio que procura
efêmera cachoeira
que não cessa
borracho!
segue o sumo como um rio que procura
efêmera cachoeira
que não cessa
borracho!
terça-feira, 13 de julho de 2010
Onifagia (fas oral)
expurgarte
vomitar-te
até o estranho objeto
até o entranho abjeto
de mim fora
fazer parte
refeição de meninice
não sacia
"só faz arte"
no sofá
a lambuzar
no sol fa(z)
ali mentar
vomitar-te
até o estranho objeto
até o entranho abjeto
de mim fora
fazer parte
refeição de meninice
não sacia
"só faz arte"
no sofá
a lambuzar
no sol fa(z)
ali mentar
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