terça-feira, 27 de dezembro de 2011

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Trilhos

você quer chegar lá
seu chicote chegou lá
carruagem desandando!

os cavalos a gritar:

"onde estão as estribeiras?"

Koorookoolleh

é querer muito
uma deusa
ser compaixão
apaixonada?

Film

recordin' is livin'
editar é recordar

Testemunho de Geovai II

foi numa Missão pelAmazônia que veio a mim tal epifania.

dia 28: nosso grupo de pesquisadores tinha o intuito de investigar o desaparecimento de uma expedição anterior à nossa (que vieracá possuída pelo mesmo intento que o nosso - e que também desaparecera sem vestígios). por ironia do Destino cá estou, sozinho novamente e desconfiando de tudo e todos. pudera, aos poucos, à boca pequena, fui sabendo que a nossa tripulação havia se tornado apenas mais uma iscanzol/boidepiranha em meio a uma guerra global contra um grupo antropófago insurgente que se embrenha através da mata a séculos a troco de nada... pássaros verdes de mui rara pelagem confessaram a mim ser uma tribo que idolatra uma deusa Liberdade cujo filho, coronel Kurtz, é tido como avatar que rege subliminarmente a Vontade de todos - mas que ninguém conhece por transitar rápida e invisivelmente no limiar da Luz. o Coração da Escuridão. acampo insone e solitário numa das margens do rio.

dia 29: rio adentro. uma felicidade sem fim se propaga. uma ansiedade tremula minha carne e a carne de outros tremula como estranho fruto de árvores vivas e chacoalhantes. estou adentrando territórios sagrados e gárgulas semi decompostos me encaram e me tentam a ver se de fato quero tudo isso...
estou devidamente capturado, captivamente vivo e exultante! nunca sentira tal vivacidade em vida, coisa que só aumenta com a cantoria dos selvagens sequestradores. pela primeira vez nesse corpo, sinto-me como um rei em sua liteira/paudearara, dois lados da mesma moeda Poder. levado a seu palácio em todo seu merecimento.

dia 30: a digna coroação! tribo inteira em festa, inclusive Eu e minha carne que já se sentem parte da tribo. quisera eu que estes pensamentos não escritos pudessem ser concatenados e registrados por uma escriba qualquer que venha a descobrir estas mensagens flutuando pelo espaço além desta floresta. pois festa é festa, mesmo que funesta - e este que vos narra já estava em fim de festa antes mesmo de adentrar a floresta. a hora é essta! che notte!!!


dia 31: confesso que bebi e, antes mesmo de qualquer tribal, me lambuzei de minha carne, viva! da beberagem de pajé me veio ainda um último cigarro num papo cabeça com uma companheira de cela. disse ela que era uma profecia; para eu não ficar nervoso (e sequer eu estava). que era meu Animal Espiritual e se chamava Tartaruga do Cannibal Holocaust. supus que deveria ser ela mesma - estava totalmente estraçalhada e segurando as vísceras com uma das patas... a outra deixava para manejar o cigarro que dividia comigo enquanto falava e balançava a mão fazendo círculos de fumaça verborrágica pelo ar. de boa, não lembro muito do que ela falou porque estava um pouco agoniado por conta de nosso único cigarro estar mais sendo consumido pelo vento do que por nossos alvéolos condenados; mas uma frase ou duas, dessas de efeito, me marcaram a ferro e fogo: "olhe aquelas tochas, ansiando por você... agora, depois de tudo isso, você prefere viver mais de cem anos ou ser uma estrela do cinema, uh?"...

e, divíssima, desapareceu com meu cigarro. bendita!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011